quarta-feira, 29 de julho de 2009

Para Ana Vitória

Quando uma vida está a caminho através de uma barriga conhecida, uma barriga amiga, nos pomos a pensar. O primeiro pensamento que me ocorreu quando soube da notícia foi : Deus, por favor, mande uma menina! E foi mesmo a vontade de Deus. O mundo não precisa de mais um homem... A natureza é sábia. O tempo de gestação é o tempo necessário para que a mãe, avós e família se adaptem e criem um mundinho, um ninho, para receber essa criança.
Enquanto minha amiga concebe e prepara um mundinho para a Ana Vitória, não consigo parar de pensar em todas as mudanças que ocorrem em nossas vidas, onde concebemos e criamos um espaço para algo que parte de dentro de nós ou simplesmente nos acontece. Fatos, pensamentos, aprendizados, que nos desmontam e nos fazem catar nossos pedacinhos, refazer, criar e mudar conceitos, ideias e ideais. A dor de colocar pra fora um sentimento ou ideia que estamos amadurecendo há tempos em nossa cabeça pode ser comparada a dor de um parto? Os momentos de transição pelos quais passamos quando algo nos cutuca e nos inverte em todos os aspectos pode ser comparado a uma gestação? A sensação de dever cumprido, de calmaria depois da tempestade, um gostinho de vitória que sentimos quando nos superamos e conquistamos aquilo que foi proposto durante tanto tempo em nossa mente pode ser comparado ao que minha amiga vai sentir quando colocar pela primeira vez a Ana Vitória no colo?
Comparamos diversas vezes casamento com situações e relações que passamos na vida. Podemos comparar um filho? Um livro seria um filho, para um escritor que passou mais da metade de sua vida trabalhando nas mesmas páginas, até que ficassem do jeito por ele proposto inicialmente? Um filho, assim como a obra de um escritor, não se controla eternamente. Moldamos um filho, ensinamos e estimulamos a fim de fazer com que ele suceda na vida, assim como o escritor pensa em cada palavra de seu livro. Um livro depois de pronto, se remete sempre às interpretações de seus leitores. E um filho depois pronto?

Um comentário:

  1. Espero que minha pequena, depois de pronta, seja autentica e única, que seja incapaz de gerar diferentes interpretações. Espero que ela não tenha segundas intenções em seus atos (e que não enxerguem isso nela). Que minha gatinha seja transparente e sincera, que ninguém dúvide daquilo que ela é. Que seja batalhadora e corra atrás de seus objetivos, como as mulheres dessa família. Que minha pequena seja um livrinho de suspense, daqueles que ninguém consegue descobrir o final!

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